Prefeito de Araçuai pede que luta pela UFVJM não se transforme em bandeira partidária e lança movimento para que alunos do Vale do Jequitinhonha tenham cota diferenciada na Universidade em Diamantina
O prefeito de Araçuaí, Aécio Silva Jardim, concedeu entrevista a duas rádios da cidade ( Alto FM e Líder ) e ao Gazeta On line na tarde de quarta-feira ( 3/10 ), logo após a realização de uma passeata de estudantes pelas ruas da cidade, organizada pelas escolas, Ineacle e Colégio Nazareth, em favor de um Campus da UFVJM em Araçuai. O prefeito falou sobre a polêmica em que se transformou a decisão da presidenta Dilma Roussef em instalar dois campi da UFVJM em Janaúba, no norte de Minas e Unaí, no Triângulo Mineiro.
Durante a entrevista, o prefeito afirmou que é preciso ter cautela e prudência para não transformar a luta por um campus da UFVJM no Vale do Jequitinhonha, em uma bandeira partidária e de movimentos políticos locais e de oportunistas em busca de ganhos políticos. Ao final da entrevista, Aécio Jardim chamou a atenção para um dado alarmante. Segundo ele, mais de 50% dos alunos da UFVJM em Diamantina não são do Vale do Jequitinhonha e lançou uma proposta para que todas as lideranças abracem a causa em favor da criação de uma cota diferenciada para estudantes da região. “ Não quero dizer com isso que tenha que criar barreiras para estudantes de outros estados e de outras regiões. Estamos levando estes dados para a presidenta Dilma Roussef para que seja estudada a proposta. A cota valeria para todos os cursos”, assegurou Aécio Jardim ao dizer que grande parte dos estudante da UFVJM são de outros Estados da federação.
Leia trechos da entrevista.
Gazeta online- No dia 16 de agosto, a presidenta Dilma Roussef anunciou uma expansão do Ensino Superior público federal. Nesta nova situação, a UFVJM foi aquinhoada com dois campi destinados a Janaúba e Unaí. Como o senhor reagiu a esta situação?
Aécio Jardim- Enviei ofícios para o Ministério da Educação e para o reitor da UFVJM reivindicando um campus para Araçuaí, com apoio de todos os prefeitos dos municípios vizinhos. Se for criado um campus para o médio Jequitinhonha, os prefeitos apóiam para que seja em Araçuaí. Se isto não for possível, que seja em Itaobim. Várias cidades do Vale pleiteam a UFVJM. Não existe nada de concreto ainda. Estive com o presidente do Diretório de Assuntos Universitários (DAU). Ele me disse que a demanda para instalação de um campus em qualquer região tem de haver coeficiente acima de 50 mil habitantes. Nenhuma cidade do Vale se enquadra neste perfil. Não tenho informações se será instalado algum campus na região. O certo mesmo é o que o MEC já anunciou, em Janáuba e Unaí porque está dentro da expansão do Ensino Superior Público Federal.
Sobre os movimentos em favor da instalação da UFVJM na região
Sou a favor de todos os movimentos. Os prefeitos também já se engajaram. Tivemos uma reunião na Câmara dos deputados no dia 13 de setembro cujas bandeiras foram a pavimentação da BR-367 e do trecho Virgem da Lapa-Igicatu..
Gazeta Online- O senhor disse que enviou ofícios para várias autoridades do MEC e UFVJM. O que foi pedido e que resposta o senhor teve?
Aécio Silva- Pedimos o que foi prometido por Lula e Dilma. No entanto, esta promessa não existe no papel. Não tive nenhuma resposta. Procurei o Diretório de Assuntos Universitários que é autônomo, não tem ligação com universidades federais. Ele é vigia do funcionamento das universidades do Brasil. Fui saber o que realmente existe de concreto nesta história. Me disseram que não existe nada e que eles não foram informados sobre a possível implantação de um campus da UFVJM no Vale. Disseram apenas que deram sinal positivo para a instalação da Faculdade de Medicina em Diamantina, porque lá tem demanda, tem logística.. Não se cria nada sem esse diretório. É ele que determina os rumos do ensino superior no Brasil. Ele existe desde que o Ministério da Educação (MEC) foi criado. Não existe nenhum estudo sobre a instalação de um campus no Vale.
Sobre o que está sendo feito em favor da UFVJM na região
Aécio Silva- Estamos correndo atrás de quem temos de correr: deputados estaduais, federais, senador Aécio Neves, que está informado sobre esta situação. De qualquer forma, não podemos falar de perda daquilo que nunca nos foi dado. Estamos ainda brigando para conseguir este polo.
Gazeta On Line- O senhor acredita que esta pressão política pode mudar a posição do MEC?
Aécio Jardim- Não sei se esta pressão vai dar resultado. O que posso afirmar é que toda e qualquer pressão política é positiva. Significa que o povo está atento. Araçuaí está politizada, vai às ruas e briga. Temos necessidade da Universidade. No entanto, temos de ter cautela e prudência para não transformar isso em movimento político local para pessoas terem ganhos políticos.
Sobre a passeata de estudantes promovida pelas escolas em favor de um Campus da UFVJM em Araçuaí.
Não fui porque os estudantes fazem uma frente muito grande. As pessoas que estavam ali estão cientes do que está sendo feito. Minha posição é clara. O que o prefeito teria de fazer eu já fiz e vou fazer muito mais para lutar pelo campus da Universidade no Vale. Agora, vestir uma bandeira e ir para a rua...levar o meu povo para tornar isso um movimento colorido ou não, isso não me interessa. O povo está atento a todo tipo de movimento em Araçuaí e tenho a responsabilidade de falar o seguinte. Antes de qualquer situação política, eu tenho que trazer para Araçuaí o que o povo merece e o que precisa e que os estudantes merecem e precisam que é a universidade. Me desculpem, mas largar meus afazeres para carregar uma bandeira em público é uma responsabilidade de outro tipo de grupo. Eu quero ter a responsabilidade dos encontros políticos e é o que eu tenho sempre feito fora das quatro paredes da prefeitura.
Rádio Alto FM- Se a Universidade precisar de um local para instalar o Campus da Universidade, a prefeitura tem este local?
Aécio Jardim- A prefeitura não, mas amigos de Araçuaí que possuem áreas disponíveis sim.