Por um futuro mais limpo, associação em Coronel Murta fabrica produtos ecológicos

26/07/2011 12:05

Sérgio Vasconcelos
Repórter

 –Eles já ouviram falar que Belo Horizonte deu seus primeiros passos para ser ecologicamente correta, proibindo o uso de sacolinhas plásticas. Souberam que supermercados e padarias de algumas cidades mudaram rotinas e apostam na preocupação com o meio ambiente
Enquanto põe a mão na massa, colocam o papo em dia e pensam no futuro, vão tecendo sacolas, mochilas, estojos escolares, porta-níqueis, capa de proteção para cadernos, pochetes, carteiras de bolso, entre outros souvenirs. Um detalhe: tudo é feito a partir de material reciclável, roupas usadas, tec-tell, entre outros

No meio do sertão do Vale do Jequitinhonha, uma associação comunitária formada por homens, mulheres e jovens está dando uma lição. Ajudar a proteger o meio ambiente e,  através disso,  aumentar a renda familiar em uma região onde há poucas oportunidades de trabalho.

Desde abril, quando a lei municipal proibindo o uso das sacolinhas plásticas entrou em vigor em Belo Horizonte, os membros da associação já começavam a costurar a idéia de produzir sacolas ecológicas

É em um pequeno salão na praça principal do Distrito de Freire Cardoso, a 20 km de Coronel Murta,  que todos se encontram para trabalhar.
“Podemos produzir por dia, 100 estojos escolares e de  50 a 100 mochilas, além de uma infinidade de sacolas para supermercados e comércio em geral”, comemora Adilson Fonseca Santos, o Adilson Fonsanm , 46 anos. Natural de Coronel Murta ele ficou 33 anos distante de sua terra natal. Percorreu estradas, morou 5 anos no Paraguai, 2 no Paraná, 3 em Ponta Porá e por último em São Paulo onde deixou família para se reencontrar com suas raízes. Ele gosta de dizer que já foi de tudo um pouco:  modelo, tecelão, representante comercial, fabricante de roupas mas o que lhe enche o peito de orgulho é saber que está contribuindo com a mudança na vida de dezenas de pessoas como instrutor do curso  que inclui noções de serigrafia, corte industrial e simples, designer de bolsa e modelagem das peças. “ É o passo a passo. Estamos com excesso de alunos mas não temos maquinário nem espaço para receber todo mundo”, lamenta  Fonsanm”
O curso acontece de segunda a sexta-feira com 8 horas diárias. A prefeitura é responsável pelo pagamento do instrutor.
A associação tem 10 máquinas e aguarda com ansiedade a liberação de um recurso aprovado pelo PCPR para aquisição de duas máquinas de costura reta e costura pesada para fazer bolsas de tecido grosso e mochilas, uma máquina de bordar e um computador

  Projeto envolve 76 pessoas da comunidade de Freire Cardoso em Coronel Murta



Estão envolvidas 76 pessoas no projeto, com idade a partir de 14 anos. “ A maioria é jovens que nunca tiveram contato com máquinas como Roberto Sidney Alves, 14 anos: “Gosto de fazer mochilas”, diz o adolescente que há dois meses no projeto, já tem habilidade para produzir peças. Maria Aparecida Faria de Jesus, 43 anos, é membro da associação e está no curso há 45 dias. “ Antes só sabia costurar com agulha de mão. Nunca tinha pegado numa máquina industrial. Minha vida mudou porque estou me sentindo capaz de fabricar coisas incríveis”, comemora a dona de casa mostrando estojos escolares que ela fez a partir de alguns pedaços de plásticos encontrados no lixo.

Secretário de Estado do governo de Minas Danilo De Castro e deputado estadual  Alencar de Silveira conheceram

produtos fabricados pela associação ao lado do prefeito de Coronel Murta  Leno Moutinho e do instrutor do curso Adilson Fonseca Santos

 


Esperança e garra fazem parte da história da associação

  A fabriqueta funciona em um pequeno salão no Centro de Freire Cardoso


A associação Comunitária de Desenvolvimento Rural de Freire Cardoso, foi  criada há dois anos e meio. “ Na época não tinha nem um centavo. Pedi roupas usadas e fizemos um bazar. Com um lucro da venda das roupas e dinheiro de um bingo e de um leilão, legalizamos a associação. Fiquei sabendo das sobras de recursos, em torno de R$ 10.400,00 do Programa de Combate à Pobreza Rural (PCPR). Corri atrás. Ninguém acredita que compramos todas estas máquinas. Agente não tinha espaço para colocar e o prefeito Leno Moutinho nos ajudou pagando o aluguel deste salão aqui. O contrato já está vencendo mas tenho esperança que vamos encontrar outro lugar”, comemora Marluce de Fátima Barbosa Murta, presidente da entidade,  acrescentando que “ se não fosse o apoio da prefeitura a associação já estaria fechada”. Hoje, para ela, a maior dificuldade é encontrar o local definitivo para instalar as máquinas.

 Adolescentes aprendem técnicas de serigrafia



Encomendas podem ser feitas pelo telefone xx- 33.3735.20.07 ou pelo e-mail marlucevivi@hotmail.com

“ Estamos preparados para atender lojas, supermercados, escolas e instituições”, comemoram os membros da associação.
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