DER de Araçuaí abandona MG 308 à propria sorte
Sérgio Vasconcelos
Repórter
Fotos- Josiel Alves
Trecho de 41 km da MG-308 entre Virgem da Lapa e Igicatu não é asfaltado e está em péssimas condições.
Quem viaja pela MG- 308 que liga Diamantina a Virgem da Lapa principalmente no trecho de 41 km, de Igicatu-Virgem da Lapa, tem sofrido o pão que o diabo amassou, enfrentando buracos, muita poeira e má conservação da estrada.Para completar, o DER suspendeu um contrato milionário de R$ 4, 5 mil com a Empresa EFERCO, de Montes Claros, que fazia a manutenção da estrada. No pátio da empresa em Virgem da Lapa, as máquinas estão paradas há mais de 60 dias, enquanto a situação do trecho é cada vez pior.A justificativa do engenheiro chefe do DER, Marco Antonio de Lima, lotado em Araçuaí, seria simplória, se não fosse inaceitável. Ele alegou que o contrato foi suspenso porque não chove há meses na região “ Não dá para fazer a manutenção com a estrada seca”. O jornal Gazeta OnLine, questionou desculpa já que a rodovia fica às margens da Hidrelétrica de Irapé, e do rio Araçuaí. “ Não compensa o DER transportar a água”, disse o engenheiro. “ A estrada está nesta situação e o DER ainda tem coragem de multar a gente” desabafa revoltado o comerciante José Pereira Gomes, 36 anos, dono de um bar na comunidade do Bravo, em meio à rodovia”. O engenheiro acrescentou que logo após as primeiras chuvas, o trabalho de conservação seria retomado. Mas não foi o que aconteceu. A situação agora se agrava. Com a chegada das chuvas, há trechos quase intransitáveis por causa do barro, como por exemplo, o que da acesso à Lelivéldia. " Carros pequenos passam com dificuldades. Está péssimo. O DER não está dando nenhuma atenção à esta estrada", contam os moradores.
Máquinas da Construtora Eferco contratada pelo DER estão paradas há mais de 3 meses em um pátio de Virgem da Lapa
E começa o sofrimento.
Nossa equipe decidiu enfrentar a viagem a partir de Araçuai, antes da chegada das chuvas. Na subida da Chapada , logo após Virgem da Lapa, o carro vai ziguezagueando como cobra para fugir dos buracos existentes em todo o percurso . Encontramos várias caminhonetes e caminhões no melhor estilo pau de arara, transportando pessoas em situação de perigo.
Na estrada, moradores da região se arriscam viajando em caminhões improvisados para transporte de passageiros
“ A estrada acabou”, grita um passageiro na carroceria de um dos carros. “Se não for assim, o povo não tem como chegar à cidade. A Gontijo não deixa nenhuma outra empresa entrar aqui. Ela passa 2 vezes ao dia vindo de Belo Horizonte e outras duas de Araçuaí.”, conta o comerciante José Pereira Gomes.
E vamos pela estrada afora. Subindo, subindo...poeira, estrada, pó e buracos. Muitos buracos. Quando somos ultrapassados, é preciso diminuir a velocidade do carro ou quase parar.
De repente, somos surpreendidos por um ônibus que chapada abaixo, parecia uma nave louca, envolta em poeira branca. As placas de sinalização estão enferrujadas, outras caídas no meio do mato e trechos longos sem nenhuma sinalização. O perigo mora em cada curva. De repente uma placa no trevo da estrada que dá acesso ao município de Coronel Murta, parece anunciar uma profecia . “ Bendito serás ao entrares. Bendito serás ao saíres”. “ Precisamos da benção de Deus para sair salvo, sem acidentes desta estrada”, reconhece um motorista da Gontijo, única empresa autorizada a fazer o trecho. “ Há tempos não vejo nenhuma máquina fazendo a manutenção”, reclama o motorista.
E seguimos comendo poeira e costelas, como chamam aquelas saliências que fazem o carro trepidar como se estivesse fabricando pipoca.
Para fugir dos buracos carros vão ziguezagueando pela estrada. Antes das chuvas, poeira e buracos. Com as chuvas lamaçal e mais buracos.
Chegamos à Lelivéldia, distrito de Berilo, encravado no meio da estrada . Lá encontramos João de Deus Fernandes, 57 anos, dono de uma pousada e restaurante do lugar. Ele conta que os transtornos causados pela falta de manutenção da estrada o obrigou a acabar com um transporte alternativo que ele fazia dali até Virgem da Lapa. “ A estrada não oferece mais condições.Muita gente tem deixado de viajar para Virgem da Lapa. Muitos estão encerrando suas contas bancárias e se transferindo para Leme do Prado onde já tem asfalto. Eu mesmo encerrei minha conta”, disse João de Deus desabafando.: “ Esta estrada tem muito movimento. Todo mundo fala que vai asfaltar. Estão colocando água fria em pano quente.”, acredita João de Deus.
Devido às péssimas condições da estrada, o comerciante João de Deus, fechou sua conta bancária em Virgem da Lapa
Seu irmão, Dinei Fernandes, 47 anos, é , há 4 anos, dono de uma borracharia, logo na entrada do povoado. Para ele, a situação atual da estrada é lucro. “ É muito pneu cortado, peito de aço de carro quebrado,a pára-choques solto “. Sou a favor do asfalto. Mas, quando ele virá? “, indaga o borracheiro. Esta é a pergunta que não quer se calar.