IFETs do norte de Minas e Vale do Jequitinhonha decidem suspender greve

20/10/2011 17:00

Sérgio Vasconcelos

Repórter

 

Suspensão da greve foi comunicada aos pais e estudantes do IFET de Araçuai,  na  noite de quarta-feira ( 19/10)

 

Servidores e professores dos IFETs do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha ( Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia)decidiram suspender a greve iniciada dia 8 de agosto. Eles retornarão ao trabalho no próximo dia 31 de outubro. De acordo com Vânia Silvinha, do Comando de Greve e professora de geografia do IFET de Araçuaí a categoria permanecerá em estado de greve enquanto durar as negociações com o governo. “ A decisão de suspender a greve é do Comando Unificado do movimento que abrange os 7 campi do IFET do Norte de Minas e o de Ouro Preto. Não é o fim da greve, é apenas a suspensão”, enfatizou a servidora. Segundo ela,  esta proposta  será levada para a plenária nacional que acontece em Brasília, dia 22 de outubro.

De acordo com informações divulgadas pelo Comando Nacional de Greve em seu " Boletim de Greve",o governo não manifestou formalmente suas posições às solicitações da categoria. Pior ainda, diz o boletim, :o governo simplesmente decidiu, de maneira hostil e desrespeitosa, não receber mais as entidades que estiverem em greve. Segundo o Comando Nacional da Greve, essa posição demonstra o total desinteresse do governo Dilma em atender aos trabalhadores e trabalhadoras. " As negociações, por incrível que pareça, não existem porque o governo recebeu nossa pauta antes mesmo da greve ser deflagrada (a pauta foi protocolada em maio de 2011) e não se manifestou oficialmente. A duração da greve dependerá do governo, dependerá de quanto tempo mais ele continuará desrespeitando nosso movimento e reafirmando, em seu silêncio, sua indisposição em atender nossas justas reivindicações.", completa a nota.

 

Movimento não recebeu apoio da sociedade e teve pouca visibilidade na mídia

Estudantes se sentiram prejudicados com o movimento grevista

 

Em Araçuaí, o movimento grevista dos professores do IFET não contou com a simpatia da sociedade, tampouco dos alunos e seus pais. “ Para mim, esta greve prejudicou os alunos. Voltar mais cedo é melhor “, desabafou Vânia Coelho Silva, mãe de Wallisson Silva, 15 anos, aluno do curso de agroecologia integrada. “ È muito ruim. Atrasa todos os trabalhos da gente”, reclamou o estudante.  “ A greve foi muito longa. Nosso preocupação, como pais, é com a reposição das aulas com qualidade. Durante o período de greve, os alunos ficam sem fazer nada dentro de casa”, reclamou o contabilista  José Antonio Pereira Santos, pai de estudante do IFET de Araçuai que compareceu na noite de quarta-feira (19/10) no auditório da escola para ouvir do comando de greve local, um balanço do movimento e a notícia sobre o retorno das aulas.

“ Pelo que vejo o semestre letivo está perdido. Esta greve foi um fracasso. Faltou apoio da imprensa”, afirmou Neilson Batista Santos, estudante do último período do curso de informática. Ele enfatizou que o movimento teve pouca visibilidade tanto na imprensa regional quanto nacional. “ Não sei se obtiveram alguma vitória com esta greve”, observou Neilson Batista.

De acordo com Vânia Silvinha, uma das vitórias foi a suspensão do Projeto de Lei 549/2009   que congela o salário dos servidores por 10 anos. Esta proposta já tinha sido rejeitada pela Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados  no dia 12 de maio de 2010.

Durante a entrevista, o professor Natalino Gomes, também do comando de greve, tentou intimidar a reportagem. “ Veja o que você vai publicar. Dependendo do que for publicado vamos exigir direito de resposta”, disse ele em tom ameaçador. Outro professor ainda sugeriu: “ O melhor é que envie para ser aprovado antes de publicar”, disse ele . A proposta, no melhor estilo stalinista ,  contraria os melhores manuais de redação dos jornais e veículos de comunicação do mundo. Certamente é por atitudes como esta que justifica a declaração do estudante Neilson Batista: “ O movimento não teve apoio da imprensa”.

Ele tem razão. Basta olhar o Boletim Especial da  greve,  publicado pelo  sindicato das categoria (SINASEFE)  número 10, de 18 de agosto de 2001. Lá está o balanço “ nossa greve na mídia” Em Minas Gerais nenhum jornal de expressão noticiou o movimento, de acordo com o boletim. Boa parte das matérias noticiam movimentos de estudantes  contrários à greve.

 

Pauta de Reivindicações do SINASEFE

 

1. REAJUSTE EMERGENCIAL DE 14,67% (INFLAÇÃO – IPCA + VARIAÇÃO DO PIB);

2. DESTINAÇÃO DE 10% DO PIB PARA A EDUCAÇÃO PÚBLICA;

3. REESTRUTURAÇÃO DA CARREIRA DOCENTE E DO PCCTAE;

4.DEMOCRATIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA, PROFISSIONAL

ETECNOLÓGICA

5.CUMPRIMENTO JÁ DA LEGISLAÇÃO SOBRE QUESTÕES FUNCIONAIS DOS SERVIDORES DA REDE

FEDERAL DE ENSINO COM A REVOGAÇÃO DAS INSTRUÇÕES E ORIENTAÇÕES NORMATIVAS EM CONTRÁRIO;

6.PELA MANUTENÇÃO E AMPLIAÇÃO DE CONCURSOS PÚBLICOS PARA DOCENTES E TÉCNICOS

ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO DA NOSSA REDE;

7.CONTRA A PRECARIZAÇÃO DA FUNÇÃO DOCENTE COM O ESTABELECIMENTO DOS CONTRATOS

TEMPORÁRIOS EM SUBSTITUIÇÃO AOS PROFESSORES/AS SUBSTITUTOS E PARA OCUPAÇÃO DE VAGAS

OCIOSAS DE DOCENTES DO QUADRO PERMANENTE DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO;

8.30 HORAS SEMANAIS PARA OS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS DE TODA REDE FEDERAL DE ENSINO;

9.ESTABELECIMENTO JÁ DE UM GT COM A PARTICIPAÇÃO DO GOVERNO, SINASEFE, FASUBRA E

REITORIAS PARA A DISCUSSÃO SOBRE AS TERCEIRIZAÇÕES NAS IFES;

10.EQUIPARAÇÃO DO AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO DOS SERVIDORES DA REDE FEDERAL DE ENSINO COM O

AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO DOS SERVIDORES DO CONGRESSO NACIONAL, JUDICIÁRIO E TRIBUNAL DE CONTAS,

PELO MAIOR VALOR;

11.IMPLANTAÇÃO DE UM GT, COM A PARTICIPAÇÃO DO MEC E SINASEFE, PARA DISCUTIR A

NORMATIZAÇÃO, CONCESSÃO E VALORES DE BENEFÍCIOS COMO, AUXÍLIO MATERNIDADE, SAÚDE E PRÉ-

ESCOLA;